As
condições meteorológicas que caracterizam o
Outono e o Inverno são factor de risco acrescido
na condução.
Chuva, nevoeiro, gelo e neve alteram
substancialmente as condições da circulação
rodoviária, cabendo ao condutor adoptar
comportamentos ajustados a estas situações e
adaptar a condução às várias circunstâncias com
que vai sendo confrontado.
Para atenuar estes efeitos é necessário que o
condutor:
Verifique regularmente as condições técnicas do
seu veículo.
Adapte a condução ao estado do piso, às
condições de visibilidade, ao estado e carga do
veículo, às suas próprias condições
psicofisiológicas e à intensidade do tráfego.
O
Veículo
Pneus -
O piso molhado ou escorregadio provoca
diminuição considerável das condições de
aderência, as quais podem ainda ser agravadas
por pneus em mau estado. Por isso há que
verificar o seu bom estado de conservação e a
pressão, mantendo-a de acordo com o prescrito
pelo fabricante, não esquecendo o sobresselente.
Sistema de iluminação e sinalização -
Os faróis, as luzes de presença, de travagem
(stops) e os pisca-pisca devem encontrar-se em
boas condições de funcionamento. A limpeza dos
vidros dos elementos ópticos é essencial. No
caso dos faróis, a sujidade pode reduzir-lhe a
intensidade em 40%.
É
importante assegurar também o bom funcionamento
do sistema de travagem, da bateria, dos
amortecedores, do limpo pára-brisas e do estado
de conservação das escovas.
O comportamento
do condutor
Sendo, nestas condições, a deficiente
visibilidade e a diminuição da aderência ao piso
os maiores problemas, os principais
comportamentos a adoptar são:
Aumento da distância de segurança
Redução da velocidade
Circulação em médios
Aumento da distância em relação ao veículo da
frente (distância de segurança)
O
piso molhado ou escorregadio faz com que a
distância de travagem (distância percorrida pelo
veículo desde o momento em que o condutor inicia
a travagem, até à sua imobilização total)
aumente e consequentemente, a distância de
paragem se for necessário parar o veículo.
Assim, facilmente se compreende que em tais
situações a distância de segurança, que depende
apenas da avaliação do condutor, deve ser
aumentada. Se o condutor do veículo da frente
tiver que fazer uma travagem/paragem brusca ou
uma diminuição inesperada de velocidade, o
condutor que o precede terá tempo para agir,
minimizando, assim, o risco de colisão.
O
factor dominante na ocorrência de acidentes em
cadeia que acontecem, sobretudo, quando a
visibilidade é reduzida, reside sobretudo na
falta de manutenção de distâncias de segurança
suficientes para evitar colisões, em
concorrência com a deficiente visibilidade que
não permite ver a via para além do veículo da
frente.
Redução da velocidade
A
distância de travagem é tanto maior quanto mais
elevada for a velocidade. É pois necessário
reduzi-la quando a visibilidade se encontra
diminuída. Só assim é possível travar dentro do
espaço visível, espaço este que é menor com
chuva, nevoeiro ou neve.
Por
outro lado a distância de travagem também
aumenta quando a aderência ao piso se encontra
prejudicada, pelo que nestas condições a redução
da velocidade é o factor que mais pode
contribuir para que a distância de travagem seja
menor. Tendo presente que muitos acidentes se
podem evitar com uma travagem e, se necessário,
paragem atempada do veículo, facilmente se
conclui da necessidade de reduzir tanto quanto
possível essa distância.
Há
que considerar ainda que quanto mais elevado for
a velocidade maior o risco de derrapagem, mais
provável com piso molhado ou escorregadio.
Contudo, se o veículo entrar em derrapagem o
condutor não deve travar, deve desembraiar (para
libertar as rodas motrizes) e tentar controlar o
veículo por pequenos toques no volante, virando
as rodas no mesmo sentido da derrapagem.
Circulação em médios
Com
chuva, nevoeiro ou neve a visibilidade pode
ficar muito reduzida. Nestas condições é
essencial ser visto pelos outros condutores e
restantes utentes da via pública, pelo que deve
circular com os médios. Em caso de nevoeiro deve
activar, também, o farol de nevoeiro e ter
presente que a circulação em máximos pode, neste
caso, representar um risco acrescido, pois
transformam o nevoeiro num écran branco que
reflecte a luz, reduzindo ainda mais a
visibilidade. Para ver melhor deve evitar o
embaciamento dos vidros, através da regulação do
sistema de aquecimento.
Além destes comportamentos, que devem ser sempre
adoptados, há situações que requerem cuidados
específicos.
Com
chuva
É
necessário tomar de imediato precauções quando
das primeiras gotas de chuva. É no início, logo
que caem as primeiras gotas, que o piso se torna
particularmente escorregadio devido à mistura da
água com a sujidade acumulada sobre a superfície
da via. Modere desde logo a velocidade e aumente
a distância em relação ao veículo da frente.
Poças de água
Ao
passar sobre uma poça de água faça-o muito
devagar e em 1ª velocidade, pois o choque com a
água pode desequilibrar o veículo e provocar uma
derrapagem. Posteriormente, experimente os
travões que, estando molhados, poderão não
funcionar bem. Deixe-os secar, conduzindo
lentamente e pressionando ao de leve o pedal do
travão. Para além disto, nunca se sabe se a poça
de água esconde um buraco o que, principalmente
se conduzir um veículo de duas rodas, pode ter
consequências graves.
Aquaplanagem ou hidroplanagem
A
água, os pneus em más condições ou com pressão
baixa e as velocidades elevadas, podem causar a
aquaplanagem. Esta ocorrência consiste na perda
total do contacto dos pneus com o piso,
deslizando o veículo sobre uma superfície de
água, o que faz com que o condutor perca o
controlo sobre a direcção e, consequentemente,
sobre a trajectória do veículo.
Peões e condutores de veículos de duas rodas
Os
peões e os condutores de veículos de duas rodas
ficam ainda mais vulneráveis ao circular com
chuva. Os chapéus-de-chuva, no caso dos peões, a
chuva nos óculos ou nas viseiras dos capacetes
no caso das duas rodas, prejudicam-lhes a
visibilidade e o barulho da chuva impede-os de
ouvir claramente. Têm tendência para fazer
movimentos de desvio a fim de evitar a lama e as
poças de água. Na presença destes utentes o
condutor deve estar preparado para se confrontar
com comportamentos imprevistos.
Com
nevoeiro
Com
nevoeiro não se deve ultrapassar pois a falta de
visibilidade torna a manobra muito difícil e
arriscada. Vêem-se mal os veículos que circulam
em sentido contrário, havendo ainda que levar em
conta que o veículo que segue à frente como que
espalha o nevoeiro dando ao condutor de trás uma
falsa informação; ao ultrapassar pode
deparar-se-lhe um nevoeiro muito mais
espesso.Com estas condições atmosféricas a
fadiga surge com mais facilidade devido ao
esforço do condutor para tentar ver sempre mais
além.
Por
outro lado, o nevoeiro abafa os sons, ouvindo-se
mal os outros veículos, sendo por isso
aconselhável fazer uso do sinal sonoro, quando
necessário.
Se
o nevoeiro for muito espesso, o condutor tem
mesmo dificuldade em orientar-se pelo que deve
avançar 'a passo', tomando a berma direita como
referência.
Com
Neve ou Gelo
Com
neve e, principalmente, com gelo (ou geada), a
aderência dos pneus ao piso é quase nula e o
veículo facilmente pode patinar, tornando-se
difícil controlá-lo. Para minorar este risco
coloque as correntes regulamentares nos pneus,
de forma a aumentar a aderência. Deve-se
circular a velocidade muito lenta; não fazer
travagens ou acelerações bruscas e manobrar o
volante com suavidade.
Sentindo-se a direcção 'solta', deve reduzir-se
mais a velocidade sem fazer uso do travão,
levantando o pé do acelerador e corrigindo
suavemente a direcção. Um outro aspecto a ter em
atenção e face ao qual há que tomar os devidos
cuidados é o facto de, ao depositar-se na via, a
neve cobrir as marcas rodoviárias chegando
mesmo, por vezes, a impedir a visão dos sinais
verticais. Com grandes nevões o mais seguro é
não viajar.
Com
Vento
Há
ainda que considerar um outro factor
meteorológico perante o qual os condutores
devem, também, adoptar comportamentos
defensivos. É o caso de rajadas de vento ou
vento forte.
Nestas situações o condutor pode perder o
controlo da direcção do veículo, e
consequentemente da sua trajectória, sendo este
risco tanto maior quanto mais elevada for a
velocidade.
Para compensar este efeito o condutor deve
reduzir a velocidade e virar o volante para o
lado donde sopra o vento, não esquecendo que ao
entrar numa zona mais abrigada é necessário
retomar a posição normal do volante.
Também em zonas ventosas e em presença de
veículos de 'duas rodas' o condutor terá que
estar atento a desvios imprevistos da
trajectória destes veículos, muito vulneráveis à
força do vento.
Atenção:
Na
condução sob condições atmosféricas adversas o
condutor deve evitar a realização de manobras
desnecessárias, sobretudo da manobra da
ultrapassagem e reforçar a adopção de uma
condução defensiva, adaptando a sua condução,
particularmente, à redução da visibilidade e da
aderência ao piso.
Quando viajar com condições meteorológicas
adversas, sintonize as rádios nacionais e/ou
locais para obter informações sobre o estado do
tempo e das condições do tráfego nas vias